Não é sobre julgamento... acho que é sobre sinceridade, autenticidade, propósito real... não sobre uma fantasia ou mentira... ou seja lá mais o que for... mesmo que eventualmente eu mesma me questione se não estou julgando as situações, em vez de só analisar...
Mas todo esse questionamento me remete a uma lembrança que eu trago da infância (ou adolescência... não lembro mais) sobre a fala de um Xamã americano que estudou a medicina tradicional e ortodoxa do ocidente, e uniu esse conhecimento aos princípios xamânicos de seu povo, com o objetivo de ajudar, não só o seu povo que carecia de atenção médica por parte do governo (realidade que constatamos até hoje nos quatro cantos desse orbe...), como também, ajudar toda pessoa que não pudesse pagar por uma consulta médica.
Conceitualmente, ajuda é um favor, um obséquio, uma generosidade, concessão, auxílio que se presta, assistência.
Vejamos também, conceito de troca – permuta, mudança, substituição, escambo, compensação.
Temos aqui os principais conceitos sobre ajuda e troca, mas, para adentrarmos melhor na dinâmica das ideias aqui abordadas hoje, ainda precisamos “alinhavar” a esses conceitos, a ideia da prestação de serviço, que conceitualmente entendemos como qualquer atividade econômica que não esteja diretamente vinculada à circulação de mercadorias.
“...qualquer atividade econômica que supre as demandas do mercado sem abranger uma mercadoria. O próprio termo serviço significa servir uma demanda humana através de atividade em específico.”
Referência – bling – gestão empresarial
O quê exatamente isso tem a ver com o tal médico-Xamã? – Exatamente o que eu lembro que ele disse, quando questionado se ele não se incomodava em não receber pagamento em dinheiro pelo trabalho dele... e a resposta foi surpreendente...
Até onde me lembro foi mais ou menos isso – Ele disse que recebia pelo trabalho dele de várias maneiras... e todas eram bem vindas. Na época creio que ele usou o termo “missão” porque “propósito” ainda não estava em uso (ou tão na moda como nos nossos dias... ) Na percepção dele, era sua missão ajudar as pessoas, e quando se ajuda, não se cobra por isso. Quando uma pessoa cobra pela ajuda que presta, não é ajuda, é serviço.
Isso foi na década de 70, se não me falha a memória... quase uma década depois, eu tive um desentendimento com uma colega de classe, sobre altruísmo, ideias, benevolência e... ajuda...
A colega de colégio, encerrou o discurso dela com alguma coisa parecida com isso – bondade não paga as contas... e ninguém é casa de caridade... todo mundo quer ser reconhecido pelo dinheiro que ganha.
E a minha resposta, não menos arrogante e soberba, foi – Não adianta eu perder tempo jogando conversa fora...
Ninguém ficou feliz... ninguém tinha razão... simples assim... entretanto, guardadas as devidas proporções, sem que ambas soubéssemos, cada uma dentro da perspectiva do ambiente em que cresceu, vivenciando situações personalíssimas da maneira como podia... cada uma de nós tinha um “cadinho” de razão... mas... e a felicidade? Simples assim...
Aqui eu faço uma pausa no assunto principal, observando com calma, todos esses aspectos interligados ao longo do tempo... as mudanças essenciais pelas quais passamos... e o que atraímos para a nossa vida com nossos pensamentos, sentimentos e ações...
A partir do impacto que uma ideia me causou ainda quando muito jovem, eu comecei a busca por um tipo de entendimento que eu mesma não entendia... algo mais profundo e ao mesmo tempo mais sutil... essa busca me levou a muitos caminhos equivocados, até que eu tivesse desenvolvida a capacidade de compreensão... e hoje eu percebo que ainda tenho muito o que trabalhar no âmbito da compreensão...
Querido leitor, você consegue perceber o tênue fio da vida entrelaçando esses acontecimentos?
Tantos caminhos percorridos para tentarmos chegar na essência dos propósitos da vida... no entendimento da “sutil” diferença entre as ideias de ajuda e prestação de serviço, para a sociedade moderna...
E provavelmente, essa análise nos renderá muita conversa por aqui.
No momento, iremos direcionar nossa atenção para essa dualidade “ajuda-prestação de serviço”.
A sociedade moderna, tão hábil em manipular ideias de acordo com suas conveniências, buscou adequar essas ideias de forma que se tornassem, basicamente a mesma coisa.
A explicação vem do fato das pessoas “investirem” recursos pecuniários na aquisição de conhecimento, e o trabalho delas deve dar um retorno financeiro que gere lucro sobre o que foi gasto. A Economia explica bem essa dinâmica... entretanto, o nosso foco aqui não é esse...
Não é nenhuma novidade para nenhum de nós que o nosso mundo não gira em torno do sol... não... metaforicamente falando, o nosso mundo gira em torno do dinheiro que o próprio ser humano criou para que tivesse um fim determinado. O homem criou o dinheiro para “facilitar” a sua vida, e se escravizou a ele... simples assim...
Com o desenvolvimento da sociedade, tudo passou a ser lucro. Tudo tem que gerar lucro.
Se não há lucro, não serve pra nada... e atualmente, esbarramos internet a fora com a disseminação de que espiritualidade é um mercado que deve gerar lucro como outro qualquer... se vier algum bem daí, o bem é apenas um bônus...
O que temos visto é “ajuda espiritual” negociada por valores que eu considero, no mínimo, surreais... porque “se não for caro, ninguém dá valor”...
Não estou vendo o mundo se tornar um lugar melhor de se viver.
Mesmo considerando os “investimentos” que as pessoas fazem, espiritualidade não é um “negócio”... e não é pra ser...
Então essa afirmativa de pessoas de que “meu propósito de vida é ajudar as outras pessoas”, é uma farsa... uma mentira... e não há justificativa...
Mesmo que seja possível alinhavar essa ideia com a ideia de troca, já que tudo no universo é um troca, tudo implica mudança, metamorfose, o equilíbrio e a sensatez foram deixados de lado, ou mesmo fora dessa “equação”.
Volto a reafirmar – espiritualidade não é mercadoria, não é negócio e não é negociável...
A troca é justa diante da vida... mas a maneira como se troca também é considerada...
Tudo na vida tem um retorno... e atitudes mesquinhas com certeza retornarão carregadas de sofrimento...
Não é praga... não estou desejando mal a ninguém... estou alertando e nem vou cobrar por isso... >_< simples assim...
A pausa no tema de hoje fica por conta de uma pergunta que me chamou a atenção em uma rede social, que é mais ou menos isso – O que você faz da sua vida te traz valores, virtudes e sabedoria?
Voltaremos em outro momento, ainda abordando essa questão tão delicada que é o propósito de vida de ajudar alguém, em troca de valores monetários (surreais), porque tudo que foi investido precisa dar um retorno lucrativo... isso se transformou em um círculo vicioso que parece nunca ter fim, porque sempre existirá uma explicação, mas nem sempre uma justificativa...
Simples assim...
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Nosso espaço é moderado com o objetivo de evitar debates impertinentes e outros assuntos em desacordo com o nosso objetivo. Agradecemos sua compreensão.