domingo, 21 de setembro de 2014

Morte: Medo e Mitos



- Alô...

- Vânia... Bom Dia...

- [ O.o ] Quem é?

- Sou eu... [Beltrana], “to”  ligando pra te dar uma notícia muito triste... [Fulana] fez a passagem... o enterro é hoje, no Cemitério...  às [tais] horas...

- Que coisa...

- Nós vamos fazer uma prece de despedida... espero te ver lá... já que você não foi no velório... 

- O.o ... ¬¬ ... “tah”...  obrigada por avisar...

- Você vai... não vai? Queremos prestar uma homenagem pra nossa amiga, que era muito querida... quanto mais gente, melhor... e afinal... vocês  ficaram tão mais próximas nesses últimos anos...

- ... ¬¬ ... Não vou prometer... eu nem sabia da situação... apesar de “tão próxima”... ¬¬ ...

Fim de conversa... fim de contato... simples assim... 

* * * 

- Esse é um artigo sobre redenção e arrependimento? O.o ...

 Definitivamente não... essa é uma história que aconteceu comigo há alguns bons pares de anos atrás... e na verdade tem a ver com a “política”  que o ser humano adota diante da Morte... medos... inseguranças... e a mais das vezes... muita hipocrisia...

O que é a Morte e por que causa tanto medo e desespero entre os “vivos”?

A Morte é apenas um mito, ou existe algo mais além da morte?

A Morte não é um mito... é uma realidade... mas o humano cria fantasias negativas a respeito, porque só sabe viver em razão dos cinco sentidos mais primitivos, básicos e essenciais para a vida nesse mundo de energia densa... os sentidos que não são impressionáveis pela energia densa, são colocados de lado, como fantasia, como inexistentes, ou apenas existentes no imaginário humano...

É assim que o medo se assenhora da vida humana... e o medo é filho da ignorância com o orgulho... química fatal essa... 

As nossas crenças em torno da morte são infindáveis... existem “n” teorias  e dogmas sobre o tema... cada pessoa, ou grupo de pessoas, sente, pensa, vivencia de forma diferente essa realidade que nem é tão misteriosa quanto  querem  fazer acreditar que é...

O mistério existe apenas no âmbito do que desconhecemos...

Particularmente, encaro a morte como uma porta... uma porta como se fosse uma passagem de um cômodo à outro... não sei exatamente quem  ou o  que vou encontrar quando entrar lá... mas absolutamente não acredito que vou entrar em um quarto escuro... ou que vou ficar dormindo infinitamente, ou inutilmente até que venha o juízo final...

O juízo final... é algo personalíssimo...  cada um vai passar pelo seu individualmente... Mas eu não descarto a possibilididade de um juízo coletivo... no universo tudo é possível... tudo mesmo...

A Morte pelo prisma da Ciência

“Através dos tempos os conceitos da morte e os critérios para a determinar evoluíram, sobretudo a partir da segunda metade do século XX. No início, era observando se um indivíduo respirava ou não que se determinava se estava vivo ou morto. Depois, com o aparecimento do estetoscópio, a existência ou não de batimentos cardíacos passou a ser determinante. Com a invenção da reanimação cárdio-pulmonar e da ventilação mecânica e o início da transplantação de órgãos, a morte passou a ser determinada pela perda das funções cerebrais totais ou do tronco cerebral. Alguns filósofos e eticistas consideram ainda que deve ser pela perda irreversível das funções cerebrais superiores, as que fazem de nós pessoas, que se determina a morte.”


“Processo irreversível de cessamento das atividades biológicas necessárias à caracterização e manutenção da vida em um sistema outrora classificado como vivo. Após o processo de morte o sistema não mais vive; e encontra-se morto. Os processos que seguem-se à morte (pós-mortem) geralmente são os que levam à decomposição do sistema. Sob condições ambientais específicas, processos distintos podem segui-la, a exemplo aqueles que levam à mumificação natural ou a fossilização de organismos.”  Wikipédia


Enfim, para a ciência é um fato simples de ser entendido, decorrente de fatores físicos e biológicos, cujo desfecho é inevitável, muito embora a “vida” possa ser prolongada por meios artificiais... e deve ser encarada como algo natural...

Sim... deve ser encarada como um fato natural... isso não quer dizer absolutamente que devemos ser indiferentes a esse fato... ou cairmos em lamentações desesperadas por sua causa...

A Morte pelo prisma Filosófico-Religioso

Em todos os tempos, todos os povos vivenciaram a ideia da Morte de diversas formas... a ciência ainda não pode determinar  como isso começou... como evoluiu... e porque está da forma que se encontra hoje... a ciência apenas tem conjecturas a esse respeito, apesar das pesquisas...

Até mesmo os animais... esses que consideramos irracionais... têm “pressentimentos” e “atitudes” diante de uma próxima situação de morte.  É sabido que alguns animais procuram um cantinho pra morrer quando “pressentem” que sua hora está chegando... e pelo visto, eles encaram a situação com mais naturalidade que nós...

Para as crenças  e religiões ocidentais pós o evento Cristo, a concepção da morte  encontra-se  nos registros Bíblicos:

“A Bíblia  refere-se a dois tipos de morte: a morte física, que acontece com todas as pessoas quando param de viver e a morte espiritual, quando elas não mantêm um relacionamento com Deus e Jesus Cristo. O Velho e o Novo Testamento falam da morte de maneira diferente.
O Velho Testamento fala mais de morte física e o que significava para os israelitas.
O Novo Testamento fala mais de morte espiritual. Conta a história da vida de Jesus Cristo na Terra, que inclui sua morte e ressurreição.”

Mas a Bíblia foi escrita por um povo oriental, que como todos os outros teve seus envolvimentos com magia, alquimia e outras situações que foram proibidas após o evento Moisés.

No ocidente, até onde eu sei, os povos anteriores a era cristã, tratavam a morte de forma bem diversa do que se vê hoje em dia.

Entre os judeus antigos, da era Moisés havia a crença de que a morte simplesmente anulava a existência do ser humano... dependendo do que ele fizesse em sua vida, estaria diante de Deus... este “fazer” está intrinsecamente ligado à obediência das leis impostas por Moisés, que são atribuídas a Deus, ou não...

Não me cabe entrar no mérito dessa questão... eu creio mesmo que tais leis tenham sido de inspiração divina, restringindo-me unicamente aos 10 Mandamentos...

Mas o nosso foco em questão, não é a veracidade dos textos bíblicos ou sua mitologia.

Entre esses 10 Mandamentos, há um especificamente que diz o seguinte:

Não matarás.


Existe aí algo sério sobre a vida e a morte que nunca foi questionado... tão pouco tal mandamento foi observado e obedecido através dos tempos, por quem quer que seja...

Se a vida é uma dádiva preciosa dada por Deus, então... por que a Morte existe?

Mas será que a Morte existe mesmo, nos moldes desse padrão de pensamento humano?

Com o passar do tempo, novas maneiras de “pensar” a morte foram surgindo entre o povo judeu, que passou a considerar a existência de um pós morte, ainda concebido dentro dos moldes tradicionais das ideias de bem e mal.

Da era de Daniel até Jesus o Cristo, muitos profetas descreveram em palavras, suas percepções sobre essa questão, tentando ensinar ao povo, o que podemos resumir dessa maneira:
O que se planta aqui, se colhe do outro lado.
[ou aqui mesmo... ]

Eles falavam de uma vida espiritual... não de coisas materiais... e como sempre, o povo tem dificuldades em entender o aspecto abstrato da vida...

E talvez por essa razão, mais do que pelo fato alegado de que os funerais são uma forma de homenagear os mortos, os povos de todos os tempos, sempre tem se ocupado e preocupado com os aspectos materiais dos funerais.

As práticas dos hábitos fúnebres tem acompanhado a humanidade em suas diversas fases, diversos povos, e tendo em vista a crença que cultivam, seus hábitos se desenvolvem de acordo com elas.

Em contrapartida, o que deveria ser um adeus digno, tornou-se um vínculo obrigatório, revestido de crenças supersticiosas, obrigações sociais, e demais atavismos humanos...

Perdeu-se o verdadeiro sentimento de homenagem, dando lugar ao desespero incompreendido... a dignidade deu lugar à hipocrisia.

Contudo, existem povos no oriente e na ásia que realmente ainda acreditam que é preciso chorar no ritual fúnebre do morto, para que ele se sinta amado e “descanse em paz”. O que conduz a um outro atavismo comportamental, pois atualmente chegou-se ao absurdo de pagar pessoas para chorarem nos rituais fúnebres em alguns lugares, por que as mulheres de uma tal seita/religião, não podem chorar publicamente...

O.o ... nem vou entrar nesses méritos... ¬¬ ... eu vejo um paradoxo absurdo em uma situação como essa... mas... o mundo anda mesmo surtado e pelo avesso...

Para o cristianismo do Novo Mundo – pós evento Cristo – Idade Média até os dias atuais – a morte não é um fenômeno natural inerente à vida humana. Ela é um castigo divino decorrente do pecado original do homem.

Todas as explicações referentes a esse posicionamento são respaldadas no texto bíblico e somente nesse texto. Todos os cristãos de uma forma geral, independente de suas ramificações, acatam esse conceito como verdade única e inquestionável.

Porém,  dessa forma, tanto a vida como a morte tornam-se limitadas, verdadeiras prisões de onde não há como escapar... 

A Morte em outras Culturas

Para outras culturas, entre os povos orientais e asiáticos, que fundamentam suas crenças no Budismo, a morte é apenas uma mudança de estágio... um retorno à verdadeira vida, que se encontra no mundo espiritual. O momento da morte é sagrado para cada indivíduo e deve ser encarado com serenidade e respeito. Mas é um  momento de alegria, dada a sua importância, e a celebração, normalmente se dá com o uso de roupas brancas.

Os povos espiritualistas, que ainda preservam sua crença Budista, não vêem a morte como um fato negativo. Não veem motivo para desespero, nem lamentações intermináveis e infrutíferas.

 É um equívoco pensar que, por sua maneira diferente de ver e vivenciar o fato morte, eles sejam indiferentes à dor da separação. Apenas a perspectiva é bem diversa daquela em que fomos obrigatoriamente viciados a acreditar.

Eles apenas têm em mente que lamentações excessivas, ou qualquer tipo de lamentação e desespero, ocasiona um desconforto desnecessário para aquele que está deixando esse mundo, rumo ao mundo espiritual.

Enfim, a pantomima da choradeira nos rituais fúnebres só causa tropeço para os viajantes de além... principalmente porque, livres dos embaraços do corpo material, ficam eles mais suscetíveis aos sentimentos humanos... e com certeza, vão detectar todo tipo de sentimento, desde os mais sinceros, aos mais dissimulados...

Essa também é a premissa de várias filosofias espiritualistas que surgiram e foram desenvolvidas lá pelos idos do século XVIII.

A morte não “apaga” a personalidade humana... não “deleta” aquele ser que viveu na terra... não anula a existência humana. A morte não é um castigo divino imposto à humanidade, é apenas um fato decorrente da natureza humana. Tudo no mundo humano é perecível, menos as qualidades do espírito.

Segundo essa premissa, nós somos espíritos, existimos antes mesmo do nosso corpo ser gerado, e depois da chamada “morte” voltamos a nosso estado natural... um estado de essência divina... Deixamos o corpo humano e retomamos nossa forma espiritual...

Os vínculos familiares não são desfeitos... seus afetos não são esquecidos... em compensação... os desafetos também não...

Não haverá condenação eterna... pois o sentido de castigo eterno é ditado pela consciência de cada um... por suas atitudes e pensamentos durante a vida na terra, e consequentemente, suas escolhas...

Essas filosofias estudam o aspecto da vida ligado à evolução espiritual, deixando de lado a concepção de que a vida se torna inerte ou contemplativa, no pós morte, passando a ser o reflexo das escolhas do Ser.

Isso nos leva de volta ao princípio:

Colhemos aquilo que semeamos.

Parece-me um tanto mais racional dessa forma.

Feitos os devidos comentários sobre esse aspecto da Vida, que denominamos Morte, e deixando bem claro que o assunto não foi exaurido, retornemos ao início do nosso artigo, onde eu narrei uma conversa com uma pessoa conhecida...

Na época em que essa conversa aconteceu, eu já havia estava afastada geograficamente desse grupo... na minha nova residência, fiquei alguns anos sem telefone, por que a operadora era realmente um lixo e não havia cobertura para o bairro onde eu estava residindo.

Passado algum tempo e superadas algumas dificuldades, finalmente o tal de telefone foi instalado... mas... >.< ... muitos fatores contribuíram para que eu fosse gradativamente perdendo o contato com as pessoas do grupo... até esse dia... e depois disso, nunca mais...
 
Posteriormente fiquei apenas sabendo, através de um contato rápido com outra pessoa do grupo, que a tal homenagem foi prestada... mas que nem tudo havia se passado como o planejado... e eu imagino o porquê...

Essas pessoas abraçavam a filosofia espírita disseminada por Alan Kardec... mais exatamente o que eles chamam de espiritismo... e com todo o elitismo que tem direito, afirmam veementemente que o termo espiritismo foi criado exclusivamente para a aplicação nessa doutrina... atualmente há os que frisam que o espiritismo é kardecista... que seja... o universo não mudou seu curso por causa disso...

Enfim... a questão é a seguinte... em tese as pessoas afeitas a tal estudo, deveriam ser mais realistas e equilibradas diante da Morte... mas só o são em teoria...

O comportamento nos velórios e funerais, ainda é o mesmo dos fariseus... é preciso um oceano de lágrimas, gritos de dor... desespero e afins, para se “mostrar” ou “provar” o tamanho da dor...

Eu mesma já testemunhei um comentário bastante cruel por parte de um visitante, em que essa pessoa afirmava duramente que a viúva não estava sofrendo porque, até o momento de se descer o caixão à terra, ainda não havia derramado uma lágrima...

Fiquei estarrecida ao perceber a leviandade do comentário...

Cada um sabe da dor que lhe vai no coração e não deve satisfações a quem quer que seja...

Mas é assim que as pessoas se comportam... e aí, o mundo deu voltas e nós estamos parados diante do mesmo questionamento: 

Por que as pessoas entram em pânico ou desespero diante da morte?

A afeição que se tem por uma pessoa, o carinho, o respeito, o verdadeiro sentimento de amor... nada disso será medido em lágrimas depois que a pessoa partir...

O que realmente conta, é o que fizemos por ela enquanto “viva”... é a maneira como vivemos com a pessoa...


Desespero tem mais a ver com sentimentos duvidosos, como o egoísmo,  do que com AMOR...

A dor de uma saudade não pode ser medida em atitudes públicas de desespero...

Quando a minha mãe deixou esse plano de existência, eu simplesmente não consegui ter reação nenhuma... não derramei uma lágrima... sequer sabia exatamente o que estava sentindo...

Mas eu sempre encarei a Morte, como um fato natural... eu realmente nunca tive medo da morte... e depois de crescida passei a achar hipocrisia esses comportamentos lacrimosos em público gerando comiseração... e acredite... existem motivos de sobra pra jogar na conta da hipocrisia tais comportamentos...

Também, em função dos meus muitos estudos, eu não queria atrapalhar a travessia dela, nem de ninguém...

Mas se eu disser que nunca chorei a ausência dela, é mentira... aconteceu uns quase três anos depois... eu estava sozinha em casa, arrumando algumas coisas as quais iria me desfazer, e encontrei uma velha caixa onde guardava uns retratos... nessa caixa havia umas fotos bem antigas da minha mãe...

Então a saudade veio... avassaladora como uma tempestade... incontida... um lamento mudo no fim da tarde... não sufoquei as lágrimas que pareciam uma torrente desenfreada... apenas deixei acontecer... perdi a noção do tempo...

Já não lembro mais os detalhes daquele momento... já fazem parte das lembranças que não devem mais voltar...

Eu não fui ao enterro da minha mãe... não porque não gostasse dela... simplesmente percebi que não faria a menor diferença estar lá ou não... e com todas as dificuldades de relacionamento que nós tivemos, eu tenho certeza que ela sabe que foi importante pra mim... e é isso que realmente importa...

Independente dos erros dos meus pais... e mesmo não sabendo a real situação deles na vida espiritual, eu apenas quero acreditar que eles estão bem... que foram acolhidos... e que, finalmente, eles podem realmente ter algum descanso...

Não é a morte que me incomoda... é a maneira como se morre...

A morte violenta, ou em condições desfavoráveis gera desconforto, trauma... muitas vezes acaba por despertar um ódio latente no espírito que partiu...

Em vida, as pessoas não querem se preparar para a morte, por acreditarem ser de mal agouro... acreditam que se pensarem na morte vão ficar “atraindo” ou “chamando” a morte para si...

Se levarmos em conta a perspectiva do “SEGREDO”, faz sentido, mas existe um prima mais sensato para essa questão. Preparar-se para a morte, não é ficar pensando nela a vida inteira... isso também é tolice... 





Preparar-se é ter uma vida saudável, coerente, sensata, equilibrada, harmônica, nutrir bons sentimentos, praticar boas ações... é ter em mente que, na essência, somos seres espirituais e que estamos de passagem nesse mundo...



Não é nada demais... não é pensar ao contrário... não é atrair com o pensamento... não é fixar a mente em algo que está “destinado” a ser desagradável, porque assim foi determinado pela incompreensão humana...

O medo que a Morte provoca é consequência do “desconhecido” ao qual ela está vinculada. Esse medo aguça o imaginário de uma forma negativa. As pessoas não conseguem pensar em uma vida útil, tranquila e alegre, no plano espiritual, porque só sabem ver o reflexo da vida que produzem aqui...

E quando a mente cristaliza as ideias na qual se fixa, o que vai encontrar a criatura no outro plano da existência, é exatamente o que ela acredita, ou que acreditou enquanto estava nesse plano de existência.

Evidentemente, as variantes existem e são muitas... mas basicamente é assim que funciona...

O medo e o fanatismo mantém a mente fechada em um círculo vicioso de ideias que só poderá ser rompido de acordo com a vontade do próprio Ser. As mentes fragilizadas pelo medo, são facilmente escravizadas em um estado como de dormência.

A despeito de toda informação e conhecimento que se pode obter nos dias atuais, o ser humano ainda continua enraizado nos conceitos obtusos dos ancestrais de eras passadas... eventualmente encontramos alguma civilização que trate a morte com o devido respeito a quem “morre”...

Todo evento pertinente à vida humana, tem que ser celebrado publicamente, como se fosse um troféu a ser ostentado... os motivos são os mais variados possíveis... nunca os mais corretos...

Muitas pessoas declinam da convivência de parentes e amigos, enquanto esses estão vivos... depois, quando eles “morrem”, desesperam-se, porque aquela pessoa não está mais por perto... mas aí, não vai ter desespero ou arrependimento que conserte o que poderia ter sido feito e não foi... Já presenciei esse tipo de situação tantas vezes que perdi a conta...

Certa feita, uma pessoa da atual vizinhança onde moro, me disse o seguinte:

Quando você morrer, ninguém vai ao seu enterro... 

Fui pega de jeito e de surpresa... não resisti e “escangalhei-me” de tanto rir da observação da tal vizinha... que prontamente ficou amuada... não tiro a razão dela... eu não gostaria que rissem da minha cara tão desavergonhadamente... por isso sempre sou cautelosa com as coisas que falo aos outros... >.<

Quando cheguei neste bairro, onde atualmente é minha residência, percebi que a maioria dos habitantes locais eram pessoas de idade avançada... os mais jovens que realmente buscam oportunidades, sempre se afastam daqui... os jovens que ficam são os que não pensam muito na vida... nem na morte muito menos... >.<

Enfim... com o passar dos anos, os idosos começaram a jornada rumo ao outro plano da existência... eu simplesmente não me sinto inclinada a frequentar cemitérios... sequer tive convivência com essas pessoas para tal envolvimento... e não me sentia na obrigação de ir a enterro de quem quer que seja...

Depois de 4 ou 5 enterros aos quais não compareci, fui rotulada de pessoa que não respeita os mortos... ou coisa que o valha... isso pra mim não tem sentido nem valor algum... e foi isso que gerou o comentário acima... a verdadeira intenção da pessoa era alfinetar mesmo... já que ela não se sentia a vontade para falar o que realmente pensava a respeito do assunto...

Eu dei de ombros e apenas respondi reticentemente...

Eu não me importo...

E realmente... não me importo... que benefício existe em gente chorando em cima do meu caixão, se não nutria por mim verdadeira amizade? O.O

Prova de amizade e carinho se dá em vida...

Depois que a pessoa partir, a prova de amizade e carinho que se pode dar a ela, é mentalização para que ela encontre apoio e solidariedade no mundo espiritual... que ela se liberte das tristezas e sofrimentos terrenos...

E que ela se fortaleça espiritualmente para poder nos esperar com alegria quando chegar a nossa vez...

O ser humano, com a sua percepção atrofiada, e conceitos medíocres sobre a vida, encaram a morte como um castigo...

Mas a morte não é  nenhum monstro...

Monstro é a hipocrisia que escraviza a vida...

Essa mesma hipocrisia que transforma um “até logo”, em adeus irremediável... que transforma um ato de despedida respeitoso, em passarela da moda, exibição de posses... e "tititi" sobre a vida alheia...

Aquele a quem os pensamentos de amor e carinho deveriam estar voltados, jaz indiferente no caixão...  

A Vida não tem limites... e a Morte só existe nos planos mais densos e limitados da própria existência humana...

Nesse nível a Morte é um mito sim... alimentado pela ignorância humana e vai continuar assombrando e desesperando quantos ainda insistam em limitar a própria existência... a própria Vida...

* * *
Pra finalizar, pelo menos, temporariamente, esse assunto, vou deixar aqui o link de um texto muito interessante que li... 

Clarissa de Franco

* * * 

Boa Noite... Bons Sonhos...

* * *  

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