domingo, 28 de janeiro de 2018

Uma Única Lembrança...



É isso mesmo... eventualmente, em algum momento da sua vida, você precisa de uma única lembrança feliz... um evento, um gesto de alguém... não importa... o que pode fazer a diferença é o sentimento de leveza, alegria, felicidade e paz que essa lembrança desperta em você...

Mesmo que todos os seus familiares sejam pessoas intratáveis... seus colegas de trabalho insuportáveis... ou seus colegas de escola ou faculdade sejam “miseráveis” [de pessoa mesquinha, cruel, medíocre... e por aí vai...]... em alguma dessas pessoas deve haver alguma “boa ação” direcionada a você... porque, segundo os grandes sábios, todos nós, sem exceção, somos capazes de boas ações, e isso se aplica a “eles” também...

Os sábios construíram sua paz fundamentada na convicção... é o que nós precisamos fazer, para alcançar a mesma paz...

Não se trata de cruzar pernas e entoar mantras... isso é apenas uma parte dos exercícios de toda a disciplina que necessitamos para moldar nossa forma de pensar, ou remodelar a mesma... O cerne da questão aqui é que podemos fazer acontecer... mesmo que nossa força de vontade ainda seja fraca... mesmo que nosso caminhar seja cansado, nossos passos trôpegos e pequenos...


É exatamente nesse ponto do desânimo que precisamos estar abertos para as possibilidades que ainda temos... e acredite... nós temos... nós sempre temos...

E é também exatamente nesse ponto, que aquela única lembrança pode fazer toda a diferença... se a gente deixar... porque é essa diferença que abre o nosso coração para a compreensão, que nos conduz ao perdão...

Mas a compreensão do que realmente seja perdoar, ainda esbarra nas nossas limitações perceptivas e intelectuais...

Existem muitos pensadores, intelectuais e terapeutas modernos que nos ensinam uma concepção do “perdoar” ainda limitada e muitas vezes equivocada...

Você não precisa literalmente se ajoelhar perante nada nem ninguém para pedir perdão... ou para perdoar... esse tipo de humilhação tosca, é dispensável porque não contribui para o crescimento pessoal de ninguém... os hebreus agiam dessa maneira para pedir perdão a Deus e era mera hipocrisia... simples assim...¬¬

Na nossa  questão aqui, você [ou quem você conhece...] pode apenas estar sentindo uma necessidade sufocante de livrar-se de um sentimento oprimente: a culpa... e a culpa não permite a paz de ninguém...

E o que, eficazmente, pode nos ajudar?

Aquela simples, humilde e solitária, única lembrança... uma única e pequena lembrança pode ser o remédio que necessitamos para curar essa ferida do nosso coração...

Quando somos pessoas comuns, no sentido de pessoa que não compreende espiritualidade, não acredita, não se importa, não busca e etc., apenas acreditamos ou queremos acreditar que esquecer é perdoar... e a nossa reação é desprezar, ignorar, desdenhar o alvo do nosso desafeto... e não... isso não é uma crítica, é apenas a constatação de um fato: a nossa percepção de perdão é totalmente equivocada...

Há alguns anos atrás, trouxeram para o Brasil, uma técnica que surgiu não sei onde, cujo objetivo era ”libertar” as pessoas da sensação de miserabilidade por sentirem-se culpadas de ações agressivas para com outras pessoas...

Depois de milênios, finalmente a ideia germinada do perdão, começava a desabrochar... e no seu estado de “mudinha” [fase do desenvolvimento de uma planta ainda muito pequena, que normalmente denominamos popularmente de “muda” = muda de planta ainda muito pequena = mudinha... >.<], foi confundida com algumas ervas daninhas...

A ideia de sair por aí “caçando” as pessoas a quem você magoou e pedir perdão, não é de todo insana... mas tem seus efeitos colaterais e esses podem piorar uma situação que já havia sido bem ruim...

Se foi você quem magoou ou quem foi magoado, tente colocar-se no lugar do outro, e seja sincero com você mesmo... com a verdade que você vai descobrir...

Eventualmente nós não queremos perdoar... porque é essa mágoa que alimenta nossos dias... mas também é ela que fere nosso coração e nos torna pessoas mais amargas... um dia essa amargura acaba por nos sufocar e percebemos que nos tornamos insuportáveis para nós mesmos...

Isso se chama desespero... e pessoas desesperadas tornam-se frágeis e fomentam todo o tipo de ideia perniciosa... tendendo a por um fim à própria vida...

Particularmente eu desaconselho... não por ter a convicção nos “castigos” que lhe serão impostos por um Deus que assiste aos nossos problemas impassivelmente, porque já foi dito aqui... Ele te deu a sua vida, não é mais dele... pertence a você... seja responsável por sua vida...

É sim... uma questão de responsabilidade... e você vai carregar apenas mais uma culpa por ter sido irresponsável na sua vida, mais uma vez... simples assim... ¬¬

Você vai perceber, totalmente atordoado, que a vida que você tanto queria extinguir, simplesmente não se extinguiu... e agora você está mais perdido e mais confuso do que antes... e se sentindo mais sozinho e mais abandonado... e provavelmente, vai culpar mais alguém por isso...

E mais um círculo vicioso de pensamentos angustiantes se estabelece...

Esse círculo pode ser interrompido se nós nos ativermos às coisas simples da vida... o que nos faz lembrar daquela única lembrança, que mesmo sendo pequena e única, pode ser o bálsamo que precisamos para amenizar a nossa dor...

Quando eu era criança, tinha um “comprimidinho” [bem minúsculo mesmo] que se chamava “Melhoral Infantil”... >.< ... quem tem a minha idade deve lembrar... >.<... enfim... era um comprimido minúsculo, para febre, dor de cabeça, e outros pequenos problemas, que geralmente eram ministrados às crianças com gripes e resfriados, antes que se aplicasse um medicamento mais forte... e geralmente nem era necessário... o tal de “Melhoral” resolvia o problema... >.<

Hoje não somos mais crianças... [infelizmente... ¬¬] contudo, o que necessitamos é exatamente esse comprimido mínimo e tão eficaz que pode ser essa pequena e única lembrança...

Entendeu agora onde eu queria chegar? >.<

Ao longo dessa minha jornada nesse orbe, eu recebi muitas lições às quais foram desprezadas na maior parte do tempo, em que eu me debatia na revolta inútil, na raiva insana, na cegueira da incompreensão...

Não estou fazendo desse artigo um confessionário... não... absolutamente não é esse o objetivo... mas é fundamentalmente necessário mostrar que na prática, somos nós que, depois de algum tempo e disciplina, podemos sim, direcionar o rumo dos nossos pensamentos, e lapidar os nossos sentimentos...

Ninguém nunca me disse que seria fácil, porque simplesmente, não é... talvez você necessite de muito tempo como eu... existências incontáveis... ou talvez não...

E eu também não vou te dizer que é ou será fácil... mas definitivamente, não é impossível...

Nós somente precisamos desenvolver a consciência de que somos nós que alimentamos os dissabores que nos consomem relativamente à pessoas e situações...

Muita gente fala que o “perdão é divino”... mais uma vez, depende da perspectiva humana... porque Deus, sendo perfeito, não se ofende com nada, não se abala com nada, não se “machuca” com a nossa impertinência... portanto, Deus não “precisa” perdoar absolutamente nada...

Nós, com nossos melindres é que necessitamos praticar o perdão...

E novamente nos esquecemos de olhar para as coisas boas, mesmo que seja uma única e pequena ação positiva, por parte da pessoa que nos magoou...

Eu mesma, muitas vezes, relativamente a uma determinada pessoa, falei inadvertidamente que não tinha uma única boa lembrança daquela pessoa... vamos combinar... isso está com cara de “pirraça”... e era mesmo... >.<

Para nós, tão imersos nas próprias razões e verdades... tão frágeis e melindrosos, é realmente muito difícil perdoar... mas não é impossível... o perdão nos dá a verdadeira sensação de liberdade...

Creio eu que a melhor prática é passar a pensar com carinho naquela pessoa que te magoou...

Oi????????? O.õ

É isso mesmo... talvez exista um outro caminho que você considere menos doloroso, invasivo, ou auto agressivo... mas acredite quando eu digo que desprezar ou ignorar não tem nada a ver com perdoar... e você sabe disso...

Quando você corta o dedo, ou rala o joelho... ou... quebra um osso... você precisa limpar, desinfetar, e fazer curativo de tempo em tempo pra ferida não infeccionar e transformar-se em coisa pior...

Os machucados do coração não são diferentes... precisam de tratamento...

Se você tem muita mágoa de alguém, procure pelo menos uma boa lembrança daquela pessoa que te ajude a enxerga-la com um olhar menos cítrico, menos amargo... menos seja lá o que for...

Dê mais amor ao seu coração... ele será fortalecido com um sentimento indescritível de paz...

Você não precisa carregar no colo a pessoa que te fez ou faz mal... apenas se afaste sem rancor... sem nutrir ressentimentos... sem alimentar mágoas...

Se o outro não se liberta dos maus hábitos, não é problema seu... teu “problema” é a tua vida... é a você que tua vida tem que fazer sentido... é você que se deve 
felicidade... tua felicidade é responsabilidade única e exclusiva sua...

 E lembre-se: a vida não é um “problema” pra ser resolvido... simples assim...


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