É isso mesmo... eventualmente, em algum momento da
sua vida, você precisa de uma única lembrança feliz... um evento, um gesto de
alguém... não importa... o que pode fazer a diferença é o sentimento de leveza,
alegria, felicidade e paz que essa lembrança desperta em você...
Mesmo que todos os seus familiares sejam pessoas
intratáveis... seus colegas de trabalho insuportáveis... ou seus colegas de
escola ou faculdade sejam “miseráveis” [de pessoa mesquinha, cruel, medíocre...
e por aí vai...]... em alguma dessas pessoas deve haver alguma “boa ação”
direcionada a você... porque, segundo os grandes sábios, todos nós, sem
exceção, somos capazes de boas ações, e isso se aplica a “eles” também...
Os sábios construíram sua paz fundamentada na
convicção... é o que nós precisamos fazer, para alcançar a mesma paz...
Não se trata de cruzar pernas e entoar mantras...
isso é apenas uma parte dos exercícios de toda a disciplina que necessitamos
para moldar nossa forma de pensar, ou remodelar a mesma... O cerne da questão
aqui é que podemos fazer acontecer... mesmo que nossa força de vontade ainda
seja fraca... mesmo que nosso caminhar seja cansado, nossos passos trôpegos e pequenos...
É exatamente nesse ponto do desânimo que
precisamos estar abertos para as possibilidades que ainda temos... e
acredite... nós temos... nós sempre temos...
E é também exatamente nesse ponto, que aquela única
lembrança pode fazer toda a diferença... se a gente deixar... porque é essa
diferença que abre o nosso coração para a compreensão, que nos conduz ao
perdão...
Mas a compreensão do que realmente seja perdoar,
ainda esbarra nas nossas limitações perceptivas e intelectuais...
Existem muitos pensadores, intelectuais e
terapeutas modernos que nos ensinam uma concepção do “perdoar” ainda limitada e
muitas vezes equivocada...
Você não precisa literalmente se ajoelhar perante
nada nem ninguém para pedir perdão... ou para perdoar... esse tipo de humilhação
tosca, é dispensável porque não contribui para o crescimento pessoal de
ninguém... os hebreus agiam dessa maneira para pedir perdão a Deus e era mera
hipocrisia... simples assim...¬¬
Na nossa
questão aqui, você [ou quem você conhece...] pode apenas estar sentindo
uma necessidade sufocante de livrar-se de um sentimento oprimente: a culpa... e
a culpa não permite a paz de ninguém...
E o que, eficazmente, pode nos ajudar?
Aquela simples, humilde e solitária, única
lembrança... uma única e pequena lembrança pode ser o remédio que necessitamos
para curar essa ferida do nosso coração...
Quando somos pessoas comuns, no sentido de pessoa
que não compreende espiritualidade, não acredita, não se importa, não busca e
etc., apenas acreditamos ou queremos acreditar que esquecer é perdoar... e a
nossa reação é desprezar, ignorar, desdenhar o alvo do nosso desafeto... e não...
isso não é uma crítica, é apenas a constatação de um fato: a nossa percepção de
perdão é totalmente equivocada...
Há alguns anos atrás, trouxeram para o Brasil, uma
técnica que surgiu não sei onde, cujo objetivo era ”libertar” as pessoas da
sensação de miserabilidade por sentirem-se culpadas de ações agressivas para
com outras pessoas...
Depois de milênios, finalmente a ideia germinada
do perdão, começava a desabrochar... e no seu estado de “mudinha” [fase do
desenvolvimento de uma planta ainda muito pequena, que normalmente denominamos
popularmente de “muda” = muda de planta ainda muito pequena = mudinha...
>.<], foi confundida com algumas ervas daninhas...
A ideia de sair por aí “caçando” as pessoas a quem
você magoou e pedir perdão, não é de todo insana... mas tem seus efeitos
colaterais e esses podem piorar uma situação que já havia sido bem ruim...
Se foi você quem magoou ou quem foi magoado, tente
colocar-se no lugar do outro, e seja sincero com você mesmo... com a verdade
que você vai descobrir...
Eventualmente nós não queremos perdoar... porque é
essa mágoa que alimenta nossos dias... mas também é ela que fere nosso coração
e nos torna pessoas mais amargas... um dia essa amargura acaba por nos sufocar
e percebemos que nos tornamos insuportáveis para nós mesmos...
Isso se chama desespero... e pessoas desesperadas
tornam-se frágeis e fomentam todo o tipo de ideia perniciosa... tendendo a por
um fim à própria vida...
Particularmente eu desaconselho... não por ter a
convicção nos “castigos” que lhe serão impostos por um Deus que assiste aos
nossos problemas impassivelmente, porque já foi dito aqui... Ele te deu a sua vida, não é mais dele... pertence a você... seja responsável por
sua vida...
É sim... uma questão de responsabilidade... e você
vai carregar apenas mais uma culpa por ter sido irresponsável na sua vida, mais
uma vez... simples assim... ¬¬
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi65qWPj3MCAA3HawC-otiZHv1gQgBOXTnUvD7XuPNGvI4gJhLyNDbzwjW01hGWw_-NXG25rfV-gNV-XSqFCUoNwP1y2TKMbjcYVvwUgd1BvTEnNVHgzjs3J_ddOF6LlT3MGOeFaLU6-Mlh/s320/20080801040941-triste.jpg)
E mais um círculo vicioso de pensamentos
angustiantes se estabelece...
Esse círculo pode ser interrompido se nós nos
ativermos às coisas simples da vida... o que nos faz lembrar daquela única
lembrança, que mesmo sendo pequena e única, pode ser o bálsamo que precisamos
para amenizar a nossa dor...
Quando eu era criança, tinha um “comprimidinho”
[bem minúsculo mesmo] que se chamava “Melhoral Infantil”... >.< ... quem
tem a minha idade deve lembrar... >.<... enfim... era um comprimido
minúsculo, para febre, dor de cabeça, e outros pequenos problemas, que
geralmente eram ministrados às crianças com gripes e resfriados, antes que se
aplicasse um medicamento mais forte... e geralmente nem era necessário... o tal
de “Melhoral” resolvia o problema... >.<
Hoje não somos mais crianças... [infelizmente...
¬¬] contudo, o que necessitamos é exatamente esse comprimido mínimo e tão
eficaz que pode ser essa pequena e única lembrança...
Entendeu agora onde eu queria chegar? >.<
Ao longo dessa minha jornada nesse orbe, eu recebi
muitas lições às quais foram desprezadas na maior parte do tempo, em que eu me
debatia na revolta inútil, na raiva insana, na cegueira da incompreensão...
Não estou fazendo desse artigo um
confessionário... não... absolutamente não é esse o objetivo... mas é
fundamentalmente necessário mostrar que na prática, somos nós que, depois de
algum tempo e disciplina, podemos sim, direcionar o rumo dos nossos
pensamentos, e lapidar os nossos sentimentos...
Ninguém nunca me disse que seria fácil, porque
simplesmente, não é... talvez você necessite de muito tempo como eu...
existências incontáveis... ou talvez não...
E eu também não vou te dizer que é ou será
fácil... mas definitivamente, não é impossível...
Nós somente precisamos desenvolver a consciência
de que somos nós que alimentamos os dissabores que nos consomem relativamente à
pessoas e situações...
Muita gente fala que o “perdão é divino”... mais
uma vez, depende da perspectiva humana... porque Deus, sendo perfeito, não se
ofende com nada, não se abala com nada, não se “machuca” com a nossa
impertinência... portanto, Deus não “precisa” perdoar absolutamente nada...
Nós, com nossos melindres é que necessitamos
praticar o perdão...
E novamente nos esquecemos de olhar para as coisas
boas, mesmo que seja uma única e pequena ação positiva, por parte da pessoa que
nos magoou...
Eu mesma, muitas vezes, relativamente a uma
determinada pessoa, falei inadvertidamente que não tinha uma única boa
lembrança daquela pessoa... vamos combinar... isso está com cara de
“pirraça”... e era mesmo... >.<
Para nós, tão imersos nas próprias razões e
verdades... tão frágeis e melindrosos, é realmente muito difícil perdoar... mas
não é impossível... o perdão nos dá a verdadeira sensação de liberdade...
Creio eu que a melhor prática é passar a pensar
com carinho naquela pessoa que te magoou...
Oi????????? O.õ
É isso mesmo... talvez exista um outro caminho que
você considere menos doloroso, invasivo, ou auto agressivo... mas acredite
quando eu digo que desprezar ou ignorar não tem nada a ver com perdoar... e
você sabe disso...
Quando você corta o dedo, ou rala o joelho...
ou... quebra um osso... você precisa limpar, desinfetar, e fazer curativo de
tempo em tempo pra ferida não infeccionar e transformar-se em coisa pior...
Os machucados do coração não são diferentes...
precisam de tratamento...
Se você tem muita mágoa de alguém, procure pelo
menos uma boa lembrança daquela pessoa que te ajude a enxerga-la com um olhar
menos cítrico, menos amargo... menos seja lá o que for...
Dê mais amor ao seu coração... ele será
fortalecido com um sentimento indescritível de paz...
Você não precisa carregar no colo a pessoa que te
fez ou faz mal... apenas se afaste sem rancor... sem nutrir ressentimentos...
sem alimentar mágoas...
Se o outro não se liberta dos maus hábitos, não é
problema seu... teu “problema” é a tua vida... é a você que tua vida tem que
fazer sentido... é você que se deve
felicidade... tua felicidade é
responsabilidade única e exclusiva sua...
E lembre-se: a vida não é um “problema” pra ser
resolvido... simples assim...
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